Vamos Bebendo!

Dicas de vinho com ótima relação preço-qualidade que custem até R$ 50,00! (De vez em quando passa um pouquinho mas não tem problema, é por uma boa causa).

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Jornalista / Redator Web paulistano radicado no Rio de Janeiro.

Thursday, October 26, 2006

Porto Comenda Ruby



Nome comercial: Porto Comenda Ruby
Produtor: Poças Junior
Tipo: Porto
Região: Douro (Portugal)
Álcool: 19%
Preço: R$ 34,80 (750 ml) e 17,00 (375 ml) (www.paodeacucar.com.br)

Para comemorar os 250 anos da demarcação da primeira região vinícola do planeta, o Douro, em Portugal, feita pelo glorioso (e, provavelmente, vascaíno), marquês de Pombal, vamos indicar o principal expoente da região (na verdade, de Portugal): o vinho do Porto.



Sim! Ele mesmo! Eu, legítimo Guimarães, estou festejando duas vezes! Não só pelo pioneirismo dos meus ascendentes lusitanos, mas pelo fato de o Porto ter sido o grande revelador da minha paixão pelo vinho e o responsável pela minha iniciação neste mundo.

É verdade! E na esperança de que ele também seja a porta de entrada para outras pessoas, fomos atrás de um Porto que aliasse a qualidade que buscamos nesta coluna com o nosso limite de preço. Ou seja, um Porto de ótima relação preço-qualidade. E achamos! (tchu-tchin!)



Trata-se do honestíssimo Comenda, uma exclusividade do Pão de Açúcar (o supermercado, não o bondinho). Pelo que vi, lançaram três tipos: Branco, Ruby e Tawny. Nós optamos pelo Ruby, mais jovem, de coloração escura, bom corpo, grande presença de frutas e algo de madeira. Ele é equilibrado lá em cima, em virtude dos 19% de álcool e da doçura peculiar, e, se levemente esfriado, apresenta um frescor bastante agradável. Ideal para quem deseja dar os primeiros passos pelo Porto. Se preferirem, tem até uma meia botellinha de 375 ml pela metade do preço. Aí não tem desculpa, é sapecar e se esbaldar.


Tenho certeza de que se o nosso glorioso Infante Dom Henrique, o Príncipe do Atlântico, quando permaneceu 44 dias em Cananéia, em 1532, pudesse comprar o Comenda Ruby no Pão de Açúcar (sim, naquela época já havia Pão de Açúcar por aquelas bandas), ele ficaria por, no mínimo, mais 44 dias. Só bebericando vinho do Porto, curtindo o sol na Ilha Comprida, mergulhando no Marujá com o saudoso Bento, comendo as famosas ostras locais e festejando no "Maráta". Sensacional! Já fizemos muito isso! Não é não, Fafau? O que recomendas para ouvirmos com este Porto?


Dica do Fafau – Harmonizando com música
por Rafael Cury (músico e redator publicitário)

Ora pois, Pueblo, não tenho sobrenome português, mas trago comigo um Penha que é espanhol. Então posso comemorar também, pois possuo raízes na Península Ibérica. Além disso, andei muito pelas bandas de Cananéia, o que me confere certa fidalguia! Imaginem a cena: todos em pé, o Infante Fafau está descendo da balsa.

Enfim, saudosismos à parte, vamos à música. Tenho certeza de que o som perfeito para o Comenda precisa ser de origem lusitana. Porém, levando em conta o frescor do vinho, as frutas, talvez um sotaque tupiniquim caia bem. Pensei, pensei e bingo!



Escolhi como trilha sonora o álbum A Música em Pessoa. Lançado pela primeira vez em 1985, data marcada pelos cinqüenta anos de morte de Fernando Pessoa, este é um exemplo de casamento perfeito entre a poesia portuguesa e a canção brasileira.

São 15 poemas, musicados por alguns dos principais compositores do nosso país: Antonio Carlos Jobim, Francis Hime, Edu Lobo, Milton Nascimento, Sueli Costa, Arrigo Barnabé, Dori Caymmi, entre outros. Só gente grande! Perfeito para um Porto, bebida também de gente grandíssima (é, meu amigo, se você não gosta ainda não é gente grande).

Então vamos lá, beber logo o Comenda! E se você acha que Fernando Pessoa, heterônimos, poesia, tudo isso é assunto de vestibular, lamento. Você acaba de tirar nota zero na matéria "As Melhores Coisas da Vida".

Estamos a bebeire, estamos a escutaire!

Brindisi DOC 2001

Nome comercial: Brindisi DOC
Produtor: Santa Barbara
Tipo: Tinto
Uvas: Negroamaro / Malvasia Nero
Ano: 2001
Região: Puglia (Itália)
Álcool: 12,5%
Preço: R$ 55,00 por R$ 50,00 (Enoteca Fasano – www.enotecafasano.com.br)

Depois de duas semanas indicando vinhos boludos, vamos agora para a Itália. E da melhor maneira possível: via Enoteca Fasano. Que lugar! A princípio o nome Fasano pode intimidar, mas a casa é totalmente acessível, o pessoal que atende é gente boa pra caramba e, como sempre fazem conosco, recomendam vinhos que cabem no orçamento.



O desta semana é um bom exemplo, pois além de uma maravilha, está em promoção. De R$ 55 passou para cinqüentinha, teto da coluna mas vale cada ml. Trata-se do nosso “fazêndico” Brindisi DOC 2001, um italianíssimo da Puglia ideal para aquele dia tipicamente paulistano (para quem não mora em São Paulo, leia-se estressante). Sabem como é, trânsito, buzina, chefe, poluição, vizinho, português da padaria, PCC, motoboy e por aí vai). O dia só não é pior do que o vivido pelo Michael Douglas em Um Dia de Fúria pois, em vez de sair pela cidade com um trabuco querendo explodir todo mundo, vocês têm a opção de voltar para casa (fiquem tranqüilos, a exemplo do filme, não era a mulher que estava com outro, mas a cunhada) e abrir esta belíssima botella. Acreditem, as coisas vão melhorar!



O vinho é totalmente campestre. No nariz percebe-se claramente um forte aroma de terra úmida, grama, pasto, curral, enfim, é natureza em estado bruto (praticamente uma fazenda embotellada). Tem até vaquinhas lá dentro. Pode parecer horrível essas coisas em uma taça mas não é. Na boca nosso Brindisi apresenta corpo médio, é redondíssimo, muito complexo, seco e com grande frescor. Ideal para ser consumido a 15 ºC, 16 ºC. E de preferência agora, já que é um vinho de guarda que está em sua plenitude.

Na escala “Vamos Bebendo!” que vai de... bem, ainda estamos criando, ele está no patamar “Amanheceu, peguei a viola, botei na sacola e fui viajar”. Ou seja, é o vinho que vai fazer vocês esquecerem que estão na cidade, esquecerem do estresse e levá-los para longe. Não é não, Fafau? Qual é a trilha do Brindisi? E você, Paulinho, o que faria para acompanhá-lo?

Grande abraço a todos!

Dica do Fafau – Harmonizando com música
por Rafael Cury (músico e redator publicitário)

Muito bem, Pueblo, ao pensar neste clima bucólico, com muito mato, cheiro de grama molhada, lembro-me de uma história (ou causo, como os matutos dizem). Diz que dois caipiras estavam de cócoras mascando fumo na beira da estrada. Silêncio total. De repente passa um carro (nesta estradinha passa um automóvel de 15 em 15 dias). Depois de meia hora do ocorrido, um cabôcro fala pro outro: acho que era Chevrolet. Passada uma hora, o cabra responde: acho que era Wolks. Depois de umas três horas, o primeiro se levanta e retruca: acho que vou embora que já vi que vai ter discussão.

Voltando ao vinho, para harmonizar com esta botellinha, nada melhor do que música regional. E a dica é o CD No Sertão, do violeiro Roberto Corrêa. Trata-se de um álbum que traz clássicos da música caipira como Luar do Sertão, Maringá, entre outros.



Mas peraí, o Brindisi não é só o aroma do campo. Ele tem médio corpo, complexidade e pede sofisiticação. Música sertaneja (a de verdade) não é requintada? Ledo engano, meus amigos. Porque Roberto Corrêa é um instrumentista de primeira, de bom gosto e, neste trabalho, foi acompanhado por um quinteto de cordas e-p-e-t-a-c-u-l-a-r. Ou seja, unimos as raízes do campo com muito requinte, como este vinho.

Vamos brindar o interior, meu amigo! Agora, se você acha que música sernateja é Zezé di Camargo, Bruno e Marrone e cia, VAI TOMÁ...

Vinho Chapinha! Enoabraços musicais a todos.

Dica do Chef – Harmonizando com a comida
por Paulinho Martins (chef do Txai Resort, Itacaré – BA)

Tem razão!!! Sertanejo clássico é um tesão e o ruim é realmente horrível. Não dá prar beber, quer dizer, ouvir. Bela escolha, Pablito. A Puglia está fazendo vinhos sensacionais e este Brindisi é um deles. Com uma tipicidade da região bem escancarada e com cara de terra molhada, o vinho tem uma elegância e uma pegada de uma mulher caipira BOUUUUUA na faixa dos 30 anos. Cheiro de mato, muito gostoso e ainda com uma aparência jovem, apesar de não ser mais menino, já que se trata de um 2001.

Para comer não posso sair do contexto, mas também não vou indicar bobeira. Adoraria sugerir uma galinha caipira à moda mineira, mas a pimenta de cheiro iria degolar o vinho. Acho que um lombo de porco assado no forno à lenha do Sítio dos Badadas servido com brócolis e batatas seria uma bela parceria. Eu faria uma redução de vinho tinto para acompanhar o prato. Daria uma elegância que, com certeza, cairia bem com o vinho e com as notas de Roberto Corrêa.


Enfim, uma bela tarde de comida, bebida e muita música sertaneja. A outra opção seria Chapinha com Bruno & Marrone e lasanha Maggi. DEUS É MAIS !!!!!!! SAI COISA RUIM.

Abraço e vamos bebendo, comendo e ouvindo cada dia coisa melhor.

Trivento Reserve Cabernet/Malbec 2004

Nome comercial: Trivento Reserve
Produtor: Trivento
Tipo: Tinto
Uvas: Cabernet / Malbec (50% de cada)
Ano: 2004
Região: Mendonza (Argentina)
Álcool: 13,5%
Preço: R$ 26,00 (Carrefour – www.carrefour.com.br)

Nesta semana vamos novamente de vinho boludo, outro argentino de Mendonza. Só que desta vez é um tinto, um belo corte de Cabernet com Malbec. Estou falando do nosso glorioso Trivento Reserve, que passou um período em barricas de carvalho francês e deixa isso bem claro quando levado ao nariz e à boca. Parece até que tem uma árvore lá dentro. É verdade! Para o enólogo que o fez, só resta escrever um livro e fazer um filho, pois a árvore não só já plantou como a engarrafou (e numa bela botella, diga-se de passagem).



O vinho, num primeiro momento, dá a impressão de que será bastante agressivo e exageradamente tânico, mas nossa uva Malbec dá uma bela amansada na Cabernet e o resultado é um vinho potente no nariz, macio na boca, com taninos suaves e agradabilíssimos que, certamente, foram muito bem tratados durante o estágio de 8 meses no carvalho. Na boca os sabores predominantes são de pimenta no início e chocolate do meio para o final. Aliás, uma bela barrinha de chocolate. Não chega a ser um Wonka premiado com um ticket para visitar a fantástica fábrica do sr. Willy Wonka, mas é de respeito.



Eu diria que é um vinho para aquele domingo nublado (e com garoa para quem estiver em São Paulo), ideal para espantar a deprê que ronda dias assim. Sabem como é, uma botellinha deste argentino, aquela esticadela na sala e a presença de alguns amigos para assistirem ao jogo na TV, ou, claro, a companhia da gata. No caso dos amigos, é bom que evita o consumo em escala industrial de vevejas em pleno domingão. Com a gata, tratando-se de um domingo chuvoso, já sabem... Ainda mais ouvindo um (bem, isso é com o Fafau).

Abraços a todos e vamos bebendo!

Dica do Fafau – Harmonizando com música
por Rafael Cury (músico e redator publicitário)

Vamos lá, Pueblo. Madeira combina com instrumentos acústicos. Argentina, com tango. Que tal juntar tudo isso, num único álbum que é memorável? Aqui vai: Soul of The Tango: The Music of Astor Piazzolla, do violoncelista Yo Yo Ma. Aliás, o ritmo que nós brasileiros mais gostamos é o tango, sabiam? Porque nele, tem sempre um argentino sofrendo.



Voltando ao CD, o que se pode dizer de Yo Yo Ma? Um dos mais populares e talentosos instrumentistas da música erudita, com amplo reconhecimento internacional, homenageia nesta obra-prima o maior compositor de nuestros hermanos, Astor Piazzolla. Coloque o disquinho no seu CD player e, na primeira faixa, ouça a força de “Libertango” (que harmoniza perfeitamente com o aroma potente do Trivento). Depois disso, note a sutiliza e doçura com as quais Yo Yo Ma interpreta as suítes de Piazzolla. Ótimo! O violoncelo funcionou como a Malbec do vinho, suavizando cada nota proferida.

Concluindo, este vinho e este disco são a prova real de que existem boludos com muito bom gosto. São pessoas que não têm nada a ver com o senhor Carlitos Tevez, que ouve Cúmbia, deixa o glorioso Alvi-Negro e vai jogar no West Ham, timeco de segunda divisão da porcaria do Campeonato Inglês (desculpem, eu precisava desabafar).

Wednesday, October 25, 2006

Altosur Sauvignon Blanc 2006

Nome comercial: Altosur 2006
Produtor: Finca Sophenia
Tipo: Branco
Uva: Sauvignon Blanc
Ano: 2006
Região: Tupungato - Mendonza (Argentina)
Álcool: 12,5%
Preço: R$ 32,00 (Expand – www.expandgroup.com.br)

Para comemorar o inverno que não teve, a primavera que não chegou e este calor insuportável que não deve ir tão cedo, optamos por um vinho branco, extremamente jovem, bastante cítrico e altamente refrescante (se gelado na temperatura correta, claro, algo em torno de 10 ºC, aproximadamente).



O escolhido é o Altosur, produzido aos pés da Cordilheira dos Andes pela Finca Sophenia, no Vale do Tupungato, em Mendonza. Feito com a uva Sauvignon Blanc, ele tem um aroma concentrado de abacaxi que é uma explosão. Imaginem que alguém pegue um abacaxi geladinho, recém-saído do abacaxizeiro, e jogue no seu nariz. É ele! Fantástico! E na boca é a mesma sensação. El Señor Altosur 2006 possui uma acidez maravilhosa que proporciona uma salivação muito agradável (é praticamente uma cachoeira cítrica). Na seqüência surgem novos aromas de frutas, talvez maracujá, pêssego... nada tão explosivo mas bastante perfumado. E com o tempo o vinho suaviza na boca, fica mais adocicado no nariz e permanece por um bom tempo, já que o final é bem prolongado.

Na escala da coluna “Vamos Bebendo!” que vai de... bem, sei lá, estamos inventando agora, este Sauvignon se encaixa no patamar “Pé na Areia”. Ou seja, é aquele vinho ensolarado, praiano, que deve ser consumido bem geladinho, com pouca roupa, cheio de mulher em volta, mas de preferência com a especial do lado. O que pede pra ouvir? Não sei! Isso é com o Fafau. E pra comer? Também não sei, é com o Paulinho. De resto, pelo preço (32 pilas), é pra comprar uma caixinha com 6 botellas e rumar para o litoral. Afinal, frio agora, só em filme de Papai Noel. Grande abraço a todos!

Dica do Fafau – Harmonizando com música
por Rafael Cury (músico e redator publicitário)

Caros amigos, se algum de vocês acha que vinho branco é coisa de menina, tome um goleta deste boludo para conferir que quem tem bolas também pode aderir a este tipo de bebida. O aroma é potente, o sabor é potente, tudo com uma acidez deliciosa que fica na boca. E falando em acidez, que tal combinar esta botellinha com o mais ácido dos nossos compositores, Caetano Veloso? A língua afiada do baiano combina direitinho com o Altosur. Você pode até caetanear dando um pití se o vinho não estiver na temperatura certa!



E o álbum escolhido é Estrangeiro. Lançado em 1989, o disco tem um pouco de tropicalismo, com arranjos arrojados e letras agressivas (pura caetanice). Porém, numa segunda audição, percebemos toques suaves, poéticos, sempre presentes nas canções de Caê – ouça "Branquinha" e "Genipapo Absoluto" para conferir. Tem até a faixa "Meia Lua Inteira", tema da novela Tieta, para você soltar sua baianidade nagô. O Osnar (aquele que não saía do bar do Charlita) só tomava Altosur.

Preciso explicar mais? Potência e suavidade (como no vinho). Complexidade e doçura (como no vinho). Perfeito para um dia na praia (como o vinho).



Minha sugestão é: praia, livro do Jorge Amado, disco do Caetano, Altosur e muita, mas muita preguiça! Então, meu rei, aproveite esta dica para acabar com o seu preconceito com os vinhos brancos. E também para deixar de falar "eu não gosto do Caetano porque ele sai na revista Caras", "eu não gosto do Caetano porque ele é gay", "o Caetano se acha". Afinal, a grandiosidade da sua obra deixa em segundo plano qualquer temperamento controverso de Velô.

Abraço pra Dona Canô!

Dica do Chef – Harmonizando com a comida
por Paulinho Martins (chef do Txai Resort, Itacaré – BA)

Boa rapaziada!!!!

Essa semana está boa mesmo! Caetano e Sauvignon Blanc juntos é demais.

Melhor que ostra e Chablis ou cordeiro e Cabernet Sauvignon. Realmente a sutileza e a elegância deste vinho de Mendoza se harmonizam como uma luva com o som do meu conterrâneo (sim, já virei baiano!!!).

Este é um vinho leve e muito refrescante, com certeza deve ser bebido gelado, não congelando, mas bem frio mesmo.

Minha sugestão é um ceviche de peixe à moda baiana que eu faço aqui no Txai. Fatias de peixe fresco cru temperadas com limão, água de coco, coco fresco e pimenta-dedo-de-moça. Tenho certeza! A suavidade do peixe temperado na água de coco, junto com a acidez do limão e a força da pimenta vai casar direitinho com a força cítrica e a refrescância deste Altosur e a elegância baiana do nosso amigo Caetano.



Pra terminar, gostaria de deixar bem claro que o Caetano não é viado, uma vez que ser viado dá muito trabalho e aqui na Bahia nós não gostamos muito disso.

Abraço pra vocês, Caetano, dona Canô, Ogum, Iemanjá, Ivete e para qualquer outro baiano porreta!!!

Esqueci!!!!!!!!! E vamos bebendo!!!

Rosé D´anjou 2004

Nome comercial: Rosé D´anjou
Produtor: Rémy Pannier
Tipo: Rosé
Uvas: Cabernet Franc
Ano: 2004
Região: Vale do Loire (França)
Álcool: 10,5%
Preço: R$ 44,00 (Advanced House – Av. Cidade Jardim, 1085 Loja A – 3078 9114)

O vinho desta semana é indicado para quem está apaixonado (ou mal intencionado). De cara adianto: se o senhor, meu amigo, quer conquistar a gata, abra este vinho. E você, minha amiga, caso alguém o abra pra ti: corra! A probabilidade de ainda estarem com roupa ao término da botella é a mesma de o Corinthians ganhar o atual Campeonato Brasileiro (mesmo com o Amoroso).



Comprei o Rosé D´anjou naquela loja que indiquei semana retrasada, a Advanced House, que agora incrementou o cardápio e está servindo alguns petiscos sensacionais. Na última vez que fui sapequei um presunto de parma que falou umas sete línguas, sendo quatro que falam (desculpem, gíria de pescador). Mas vamos lá!

IMPORTANTE: geladeira! Antes de abri-lo, deixe-o por cerca de 20 minutinhos na geladeira. Depois, enquanto estiver tomando, descanse-o em uma caçambinha ou balde com gelo. Além de mantê-lo na temperatura ideal, impressiona a gata.

Este concentrado de testosterona com progesterona é um rosé feito 100% com a Cabernet Franc, uva originária de Bordeaux muito usada em cortes (mistura), mas que tem recebido maior atenção dos produtores e se tornado estrela solo de vários vinhos. Como neste caso, em que ela está fantástica! Com cor mais para o salmão acerejado (gay, não?), o vinho traz um aroma muito bom de frutas cítricas (abacaxi), manga e algo de terra. É praticamente um casal de namorico debaixo de uma mangueira. O vinho é equilibrado, refrescante, sério e bastante elegante. Sem contar que desce macio na garganta, como um cetim (não que eu já tenha ingerido um, é apenas uma associação).

Em resumo: é uma arma. Uma armadilha por um preço honestíssimo, pois é raro encontrar vinhos franceses de qualidade nesta faixa. Na próxima vez que eu for pedir açúcar emprestado para a minha vizinha da frente, a Cicarelli, vou oferecer uma tacinha do Rosé D´anjou. Quem sabe...

Não é não, Fafau? O que o senhor me diz deste canhãozinho sexual e com qual som harmoniza? E você, Paulinho, cozinharia o que para servi-lo pra gata? Grande abraço a todos!

Dica do Fafau – Harmonizando com música
por Rafael Cury (músico e redator publicitário)

Grande Pueblo, o que dizer sobre este vinho? Praticamente um assédio sexual engarrafado! Mas não uma cantada qualquer. Trata-se de um sussurro ao pé do ouvido, daqueles que fazem las chicas derreterem. Para acompanhar toda esta suavidade, nada melhor do que o sax tenor de Stan Getz. Considerado um dos principais intérpretes do chamado cool jazz, o saxofonista é verdadeiramente um revolucionário. Além disso, teve uma relação sólida com a bossa nova, gravando várias canções do estilo, inclusive com João Gilberto.



O álbum escolhido do artista é Getz for Lovers, uma coletânea feita sob medida para acompanhar esta botellinha francesa (e para uma bela noite a dois). Notas longas, suaves e com timbre único que combinam perfeitamente com toda a delicadeza do Rosé D´anjou. A elegância, também presente no vinho, fica por conta do repertório de Mr. Getz: standards do jazz, canções inesquecíveis de Jobim, entre outras preciosidades.

Meu amigo, só uma dica: se na terceira taça do vinho, na metade do CD, a mulher não estiver caída em seus braços, desista! Mande ela embora, chame 3 comparsas, uma pizza, 30 cervejas e coloque no VT da final do Brasileirão de 1990 (já que você perdeu a moça, pelo menos vê o Corinthians ser campeão).

Dica do Chef – Harmonizando com a comida
por Paulinho Martins (chef do Txai Resort, Itacaré – BA)

Imagine este vinho aqui no Txai?! Bangalô de frente para o mar, Mata Atlântica e outras "cossitas mas". É praticamente uma mistura de ostra com sururu aromatizado de gengibre e amendoim! Em resumo: um viagra rosa!!!!



O Vale do Loire é conhecido pelos melhores Sauvignon Blanc do mundo. Os Sancerres são os meus preferidos. O terroir é perfeito para a Cabernet Franc e faz tanto tintos quanto rosés. Este Rose D´anjou é um velho conhecido meu (cada porre!!!).

Com notas de frutas e uma ótima acidez, esta garrafa é perfeita para tomar com a sua gata no final da tarde na beira da piscina. Se para ouvir o ideal é a suavidade de tio Getz, para comer não poderia ser diferente. Eu faria um canapé de salmão com espuma de gengibre. A untosidade do salmão se harmonizaria perfeitamente com a acidez, e o leve picante do gengibre ficaria por conta das notas refrescantes. Tudo isso e mais uma bela mulher casam perfeitamente com o cool jazz do nosso amigo Stan.



Porém, o Fafau se enganou em uma harmonização. Com título do Corinthians o que combina é o lote 43 da Miolo. Os dois têm pouco e nunca foram pra fora. Quando viajam vão no máximo até a Argentina e nunca conseguem boa impressão.

Bem, estou de volta e vamos bebendo (agora ouvindo uma sonzeira também)!

Yering Frog Cabernet/Shiraz 2003

Nome comercial: Yering Frog
Produtor: Yering Station
Tipo: Tinto
Uvas: Cabernet Sauvignon / Shiraz
Ano: 2003
Região: Yarra Valley (Austrália)
Álcool: 14%
Preço: de R$ 75,00 por R$ 50,00 (Terroir – R. Pedro Humberto, 09 - Itaim Bibi, dentro do "Bar des Arts" – 3168 2200 – www.terroirvinhos.com.br)



Falou em Austrália, pensou em:
1. Canguru
2. Algum amigo ou familiar que mora por aquelas bandas (beijos Paloma, Mari e Alê)
3. A modelo (e atriz) Elle Mcpherson
4. E na Syrah (ou Shiraz – como eles dizem lá)

De origem francesa, a Syrah (ou Shiraz – como eles dizem lá) é uma das uvas mais emblemáticas da Austrália, ao lado da Cabernet Sauvignon e da Chardonnay. O vinho dessa semana é justamente um corte de Cabernet com Shiraz, o Yering Frog 2003, que vem em uma botella com rótulo moderninho, típico de vinho Anglo-saxão do Novo Mundo, com um simpático e esverdeado sapinho desenhado. Um mimo, como diria (em tom de chacota, claro) o meu amigo Rubão (abraço, Perrone!).

Bem, mas vamos ao que interessa. Com coloração mais pro rubi, no nariz ele traz as frutas vermelhas de sempre, a pimenta de sempre (típica da Cabernet) e algo de mineiral (sabe aquele cheiro de pedra molhada de cachoeira? Tá lá!). Na boca ele tem uma ótima pegada, com uma acidez alta que se equilibra lá em cima com os fortes taninos. Coisa séria! Time grande! Com o andar da carruagem aparece um aroma e um sabor defumado, que chega a invocar churrasco e pedir uma carne de porco (me senti praticamente uma mistura de aborígena com ogro)! Já no final, fechando com chave de ouro, vem um aroma e sabor de chocolate que são sensacionais. Un e-p-e-t-á-c-u-l-o!



Ou seja, é um vinho bastante encorpado, mais masculino, mas tenho certeza de que agradará as mulheres que gostam de tintos mais sérios e complexos. Nós o compramos na Terroir e estava em promoção. Ele custa 75 reais mas pagamos R$ 50,00 (30% de desconto - tchu-tchin!). Preço no limite da coluna mas vale a pena. Em especial para tomar acompanhado da Elle Mcpherson ou alguma outra australiana gata, lembrando dos bons amigos e entes que estão em Sidney e cercanias, enquanto fazemos um ótimo churrasco de canguru (não sei se canguru na brasa é bom, só falei pra amarrar o texto).

E você, Fafau, qual som você harmonizaria com o nosso glorioso Yering Frog? Abraços!

Dica do Fafau – Harmonizando com música
por Rafael Cury (músico e redator publicitário)

Pueblo, grande vinho, supercomplexo e, principalmente, completo. Assim, nada melhor do que um artista mais que completo para acompanhá-lo: Lenine. O pernambucano canta bem, compõe bem e toca bem. Perfeito! Além disso, assim como o Yering Frog, para curtir todas as nuances das canções é necessário prestar atenção em cada detalhe.



Ouvir o álbum O Dia em Que Faremos Contato, lançado em 1997, é uma ótima idéia para perceber isso. Assim como esta botella, de início notamos um toque moderno, com elementos eletrônicos e ruídos. Mas analisando a fundo, notamos referências regionais, alusões a canções antigas e muitos outros itens presentes nesta obra. Comparando: o rótulo e nome inovadores seriam os loops de bateria das músicas do CD. E a tradição da Cabernet e Shiraz, o aroma mineral de cachoeira seriam o frevo, maracatu e outros ritmos que Lenine mistura com maestria.

Yering Frog e Lenine são para ocasiões especiais. E merecem ser descobertos aos poucos.

Abraços e vamos bebendo (e ouvindo)!

Tuesday, October 24, 2006

Osadía Cabernet/Carmenère 2005

Nome comercial: Osadía
Produtor: Augustinos
Tipo: Tinto
Uvas: 50% Cabernet Sauvignon / 50% Carmenère
Ano: 2005
Região: Vale Central (Chile)
Álcool: 13,0%
Preço: R$ 29,00 (Advanced House – Av. Cidade Jardim, 1085 Loja A. – 3078 9114)

Se você curte tomar vinho em um lugar agradável pagando um preço honesto, tenho uma ótima sugestão.

IMPORTANTE: isso não é jabá, eles não me pagaram nada, muito menos liberaram algum vinho na faixa. Mas como o lugar é bom, acho que vale a pena indicar. Além disso, o site é meu e faço o que bem entender (brincadeirinha!!).

Estou falando da Advanced House, que fica ao lado do Milk & Mellow, na avenida Cidade Jardim, em São Paulo. O lugar é um misto de café-charutaria-revistaria-etc-etc-etc onde acabaram de inaugurar uma adega com cerca de 150 rótulos. Como trabalham diretamente com algumas importadoras (e com uma margem de lucro pequena), os vinhos chegam até nós com um excelente preço. Sem contar que o lugar é agradabilíssimo. Ótimo som ambiente, ótima decoração, freqüência, enfim, quando quiser comprar e tomar um vinho na hora, sem pagar os preços absurdos cobrados pelos restaurantes e bares, eis uma nova e rara opção. Lé tem até um "pierzinho" que é ideal para conversar com os amigos, discutir negócio, levar a gata... (É praticamente um Hopi Hari de adulto).

E o vinho dessa semana, claro, é de lá. O escolhido tem um corte de Cabernet Sauvignon com Carmenère. Ou seja, é um vinho feito com as duas uvas (no caso, 50% de cada). Que corte! De coloração grená, o Osadía (prometo até o final do texto não fazer nenhum trocadilho com o nome) tem um aroma intenso de frutas maduras, pimenta e algo adocicado (talvez mel). Uma delícia. Na boca tudo se confirma. Ele tem uma ótima pegada, envolvente, e com uma certa maciez. Já os taninos são bem equilibrados e a acidez na medida certa. De cara você percebe que acertou na compra. Apesar de barato, ele tende a ser um vinho sério e não divertidinho, como seus pares de faixa de preço (o que é muito bom). Em resumo: a R$ 29,00 é e-p-e-t-a-c-u-l-a-r!



Eu o tomei sapecando um queijinho brie com mel que ficou uma maravilha e falou umas 9 línguas. Grande combinação! E, pra melhorar, eu ainda estava muito bem acompanhado da minha amiga (e gata) Roberta e do Rafael, que aliás, vai continuar este texto. A partir de hoje, ele começará a participar da coluna revezando com o Paulinho. Mas em vez de harmonizar com comida, ele harmonizará o vinho com música. Isso mesmo! Música! Seja bem-vindo, Fafau!

Dica do Fafau – Harmonizando com música
por Rafael Cury (músico e redator publicitário)



Valeu, Pueblo! Que bom, minha estréia chegou em grande estilo com um vinho tão surpreendente! Equilibradíssimo, eu diria e, por isso, precisamos combiná-lo com notas mais que equilibradas. E a trilha sonora escolhida é o disco Layla and Other Assorted Love Songs, do Derek and The Dominoes. Esta banda, surgida nos anos 70, trazia na guitarra ninguém menos do que Eric Clapton. Mr. Clapton dispensa apresentações, tudo já foi dito a respeito do figura: "Deus da Guitarra", "Mestre do Blues" etc etc. Mas se compararmos cada gole do Osadía com cada nota dada por Clapton, chegamos a uma conclusão: ambos não cometem excessos!

O equilíbrio que buscávamos está em cada uma das 14 faixas do álbum. Cancões de amor sem exageros. Solos belíssimos sem um milhão de notas por segundo. Magnífico eu diria! Se você só ouviu a música Layla, precisa escutar as outras 13 Other Assorted Love Songs. Então, o que você está esperando? Abra sua botella e prepare sua taça. Pode ouvir no iPod. Se você tiver o CD, melhor ainda. Agora, se você tiver o vinil desta preciosidade, pode se preparar. Sua entrada no céu está garantida!

Abraço e vamos bebendo (e ouvindo)!


Monday, October 23, 2006

Castel Pujol Tannat 2002


Nome comercial: Castel Pujol
Produtor: Bodegas Carrau
Uva: Tannat
Ano: 2002
Região: Las Violetas (Uruguai)
Álcool: 13%

Para os brasileiros, quando se fala em Uruguai, as primeiras palavras que vêm à cabeça são churrasco, Copa de 50, Maracanã, churrasco, Darío Pereyra, churrasco e Punta del Leste. Ah! E churrasco! Com os vinhos é praticamente a mesma coisa. Falou em vinho uruguaio, a principal referência é a Tannat, uva originária da França, mais precisamente da região basca daquele país, que chegou ao Uruguai no final do século XIX e, após alguns percalços, voltou pra lá com força total em meados dos anos 1970. Hoje, para vocês terem uma idéia, um dos slogans do país é: Uruguai. O país da Tannat.

Isso tem explicação. A Tannat se deu melhor no Uruguai do que em seu próprio país de origem, mais ou menos como acontece com a Malbec, na Argentina. Além da Tannat, duas outras uvas são destaques no Uruguai: a Sauvignon Blanc, que faz excelentes vinhos brancos, e a Cabernet Franc, que é muito utilizada como uva de corte (quando é combinada com outra ou outras uvas) devido ao seu aroma frutado e os taninos delicados. Um corte freqüente é justamente o da Tannat com a Cabernet Franc.

Para essa semana tomei um vinho produzido pela Bodegas Carrau, uma das mais tradicionais do país, que faz o Castel Pujol. Sapequei um 2002 e logo de saída, no nariz, senti um aroma intenso de madeira e frutas. Na boca, a forte presença de tanino (uma das principais características da Tannat) e a grande acidez fazia dele um vinho encorpado e ainda um pouco duro. Achei melhor deixá-lo respirar por uns minutos. Mas depois... que beleeeza!!! O vinho revelou um aroma muito agradável de couro. Com taninos e acidez em perfeito equilíbrio, mais o couro, a madeira e as frutas, o resultado foi um vinho sério, com boa estrutura e que me surpreendeu, pois eu esperava menos dele.

E você, Paulinho Martins, que dias passamos aí, hein meu chapa! O que você me diz sobre este vinho, este varietal e qual é a sugestão para acompanhá-lo? Se precisar, acione o Pasta-Man, o Moustache e o Felipe From Far Away para executar. E viva a cerveja na xícara!

Grande abraço, chef!

Dica do Chef – Harmonizando com a comida
por Paulinho Martins (chef de cozinha do Txai Resort, Itacaré - BA)



Fala, Don Pablo Nacer!!

Sem dúvida!!! Uma semana de vinho, gastronomia, convívio com a brigada e cerveja em xícara é o suficiente para saber como funciona a vida de um restaurante, e para não sermos criticados como éramos na escola por fazermos piadas que só a gente entendia (piadas internas como dizíamos). Tenho que explicar que os referidos Bigode (Moustache), Macarrão (Pasta-Man) e Felipe Dilonge (Felipe From Far Away) são membros da minha brigada. E como atendo muito estrangeiro dou apelidos em inglês. Mas chega de falar besteira e vamos ao que interessa: vinho.

Tannat!!!!! Que beleza, não? Varietal de personalidade com força e rusticidade. Esta uva não faz vinhos elegantes e macios, pelo contrário, sempre tem pegada com taninos verdes e boa acidez. No nariz a presença animal é quase certa em todas as garrafas. Couro molhado que lembra uma bolsa velha da minha mãe.

Eu considero a Tannat como a prima espoleta da Cabernet Sauvignon. Se fosse uma mulher definiria com uma gata de salto plataforma, mini-saia e decote. Mas como não é, defino como um vinho jovem, com presença marcante e um ataque de boca no melhor estilo “cheguei”.

Sobre o que comer com esta garrafa, tem que ser carne com certeza. Essa quantidade de tanino entra em colisão direta com qualquer tipo de peixe. Sugiro um entrecôte bovino ou um carré de cordeiro. Mal passado. A textura substancial de uma carne mal passada tem tudo a ver com vinhos taninosos.

E cuidado com os queijos. Vinhos com alta presença tânica não se dão bem com queijos. No caso de petiscar mande uma porção de salame ou presunto cru.

Tente também um sanduba de rosbife, apesar de que eu (mais uma vez) prefiro com uma lata de cerveja gelada.

Abraço e vamos bebendo em taça de cristal e xícara de cerâmica!
Paulinho