Vamos Bebendo!

Dicas de vinho com ótima relação preço-qualidade que custem até R$ 50,00! (De vez em quando passa um pouquinho mas não tem problema, é por uma boa causa).

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Location: Rio de Janeiro, RJ, Brazil

Jornalista / Redator Web paulistano radicado no Rio de Janeiro.

Tuesday, May 08, 2007

Delicato Zinfandel 2004

Nome comercial: Delicato Zinfandel 2004
Produtor: Delicato
Tipo: Tinto
Uva: Zinfandel
Região: Califórnia (EUA)
Álcool: 13,5%
Preço: R$ 42,00 (http://www.advancedhouse.com.br/ / www.worldwine.com.br)



Terça passada, enquanto milhões se acotovelavam nas comemorações do Dia do Trabalho – e outros tantos nas praias e estradas do Brasil – fomos à Advanced House tomar umas botellas. E lá sapecamos o glorioso Delicato, um norte-americano que é a cara do outono. Por que é a cara do outono? Porque é um tinto suave, de corpo médio, bastante frutado, com toque de caramelo que lembra as balas Toffer e uma ótima persistência na boca, ideal para dias ensolarados com friozinho de fundo. Sabem aqueles dias que não pedem nem um branco geladíssimo muito menos um tinto encorpado? Então, para essas ocasiões existe o nosso Delicato.



Produzido pela terceira geração da família de Gasparé Indelicato na nada “macha” Califórnia, ele é feito com a uva Zinfandel. Isso mesmo! Zinfandel é o nome da cepa, que também é conhecida como Primitivo na Itália e é a mais plantada no Estado governado pelo Terminator. Para acompanhá-lo eu sugeriria um risoto de queijo brie que faço que é uma maravilha. Aliás, este risoto servido com uns camarões em cima e lascas de amêndoa quebra absolutamente tudo. Na quarta passada fui fazê-lo. Comprei todos os insumos, preparei umas entradas, convidei duas amigas para jantar e na hora de iniciar o preparo... Simplesmente acabou o gás. É verdade!!! Foi a maior brochada gastronômica dos últimos anos. Mas fica pra próxima!



E o senhor, Fafau, o que o Delicato lhe sugere para ouvir?
Grande abraço!

Dica do Fafau – Harmonizando com música
por Rafael Cury (músico e redator publicitário)

O melhor do Dia do Trabalho foi que realmente trabalhamos. A árdua tarefa de degustar umas botellinhas para escrever a respeito foi colocada em prática. Aliás, alguém já disse que o vinho dignifica o homem?

Muito bem, enquanto a CUT e a Força Sindical estavam pseudo-engajadas (ouvindo música da pior qualidade, diga-se de passagem), tomávamos o delicioso Delicato despretensiosamente. E o próprio revelou-se exatamente um vinho despretensioso. Espaço para reflexão política: nada melhor do que uma garrafa Yankee para cutucar os esquerdistas de plantão.



O Delicato é alegre, divertido, porém sem perder sua qualidade. O som que combina com ele? Tem que ser igualmente feliz, adequado para um final de tarde e pôr do sol. Minha escolha: Wanda Sá e Roberto Menescal no excelente CD Eu e a Música (que por sinal está pela incrível bagatela de R$ 12,90 na Americanas.com).



O álbum traz clássicos da Bossa Nova nesta parceria que começou na década de 1960. Comece escutando Wave e note a combinação perfeita das notas do violão de Menescal com a suavidade do vinho. Passe pela versão “bossanovística” de Como Uma Onda e perceba que o néctar do novo mundo pode ser adaptado ao gosto do velho. Depois vá degustando canções sem nenhum engajamento, que falam de amor, de mar e de assuntos perfeitos para o Delicato.

Agora, se você preferir se engajar, volte uns 40 anos no tempo e viva novamente o tempo em que as pessoas cantavam Chico Buarque para protestar. Senão, você já está fadado a entoar canções de Pagode pedindo igualdade social.


Vamos bebendo e ouvindo. Nesta combinação não tem como haver protesto.

Wednesday, November 29, 2006

Prosecco Incontri Martellozzo

Nome comercial: Prosecco Incontri V.S.A.Q.
Produtor: Martellozzo
Tipo: Espumante
Uva: Prosecco
Região: Vêneto (Itália)
Álcool: 11%
Preço: R$ 38,00 (www.advancedhouse.com.br)

(Superdica de Natal)



Para celebrar a proximidade do verão, a conquista do Brasileirão e a chegada do Papai Noel, nada melhor do que um espumante feito com a nossa gloriosa Prosecco (sim! Prosecco é uma uva, não um tipo de vinho). E o escolhido é uma novidade que acaba de chegar no Brasil, o italianíssimo e altamente refrescante Incontri Martellozzo (praticamente a Sophia Loren nua nadando em perlages).

Com perlages (bolhas) finas e um aroma frutado com toques florais, na boca aparece, de cara, o sabor de uma deliciosa maçã. Ele é bem seco, bastante estruturado, tem boa persistência, um final muito agradável e, claro, é extremamente refrescante.



O Incontri é um vinho para se tomar ao amanhecer, iniciando o dia perfeito. Sabem aquele dia perfeito? Aquele em que tudo dá certo? Então, ele é o primeiro ato. Abriu o olho, nosso glorioso Incontri já deve estar do lado, gelando em uma caçambinha com duas taças.

IMPORTANTE: 9 entre 10 dentistas recomendam bochecho matinal com vinho espumante.

Mas não é só para o dia perfeito, ele também tem um aspecto todo natalino. Com este preço e estas características, o Incontri nasceu para o Natal do Hemisfério Sul. Ao mesmo tempo em que é ótimo na praia ou na beira da piscina, é igualmente fantástico para ser tomado ao lado de uma árvore de Natal iluminado por luzinhas, muitas luzinhas. Aliás, farei isso! Vou pegar uma botellinha, uma tacinha e subir a pé a rua Gabriel Monteiro da Silva para ver aquelas vitrines maravilhosas ou dar uma voltinha na rua Normandia, em Moema. É a cara do dezembro paulistano. Se você não mora por aqui, faça isso na sua cidade. Abra este Prosecco, vá até a árvore de Natal ou rua com luzinhas mais próxima de sua casa e aproveite. Só não vale sentar no colo do Papai Noel!



Não é não, Fafau? O que achas?

Dica do Fafau – Harmonizando com música
por Rafael Cury (músico e redator publicitário)

Muito bem, Pueblo, se esta botellinha fizesse parte de um concerto, se chamaria “Prelúdio Para um Dia Sensacional”. Refrescância na boca, borbulhas na garganta e o aroma floral! Tudo isso está no Incontri.

Então, eu imagino a seguinte cena: chega o balde cheio de gelo com a garrafa fechada. Imediatamente, os metais de uma Big Band começam a soar nos meus ouvidos. Abro o espumante, coloco na taça, sinto o aroma e alguém canta: fly me to the moon and let me play among the stars. Adivinhou a trilha sonora? Trata-se do fantástico álbum It Might as Well Be Swing, com nada mais nada menos do que Frank Sinatra e a Count Basie Orchestra. E para deixar tudo ainda melhor, as canções têm arranjos de Quincy Jones.



Você quer mais o quê? Ah, sabe porque esta obra-prima combina com o Incontri? Vamos lá! A voz aveludada de Mr. Sinatra harmoniza-se perfeitamente com aquele gostinho suave de maçã que sentimos no primeiro gole. A orquestra poderosa de Count Basie combina cada ataque de metais com o sabor persistente do vinho. Para completar, as canções imortais do CD fazem seu dia começar como aqueles dos filmes de Hollywood que se passam no Natal em Nova York. Só falta uma Julia Roberts da vida do meu lado e a coisa vai ser de cinema! Vamos bebendo, escutando. E sonhando... Feliz Natal!

Thursday, October 26, 2006

Porto Comenda Ruby



Nome comercial: Porto Comenda Ruby
Produtor: Poças Junior
Tipo: Porto
Região: Douro (Portugal)
Álcool: 19%
Preço: R$ 34,80 (750 ml) e 17,00 (375 ml) (www.paodeacucar.com.br)

Para comemorar os 250 anos da demarcação da primeira região vinícola do planeta, o Douro, em Portugal, feita pelo glorioso (e, provavelmente, vascaíno), marquês de Pombal, vamos indicar o principal expoente da região (na verdade, de Portugal): o vinho do Porto.



Sim! Ele mesmo! Eu, legítimo Guimarães, estou festejando duas vezes! Não só pelo pioneirismo dos meus ascendentes lusitanos, mas pelo fato de o Porto ter sido o grande revelador da minha paixão pelo vinho e o responsável pela minha iniciação neste mundo.

É verdade! E na esperança de que ele também seja a porta de entrada para outras pessoas, fomos atrás de um Porto que aliasse a qualidade que buscamos nesta coluna com o nosso limite de preço. Ou seja, um Porto de ótima relação preço-qualidade. E achamos! (tchu-tchin!)



Trata-se do honestíssimo Comenda, uma exclusividade do Pão de Açúcar (o supermercado, não o bondinho). Pelo que vi, lançaram três tipos: Branco, Ruby e Tawny. Nós optamos pelo Ruby, mais jovem, de coloração escura, bom corpo, grande presença de frutas e algo de madeira. Ele é equilibrado lá em cima, em virtude dos 19% de álcool e da doçura peculiar, e, se levemente esfriado, apresenta um frescor bastante agradável. Ideal para quem deseja dar os primeiros passos pelo Porto. Se preferirem, tem até uma meia botellinha de 375 ml pela metade do preço. Aí não tem desculpa, é sapecar e se esbaldar.


Tenho certeza de que se o nosso glorioso Infante Dom Henrique, o Príncipe do Atlântico, quando permaneceu 44 dias em Cananéia, em 1532, pudesse comprar o Comenda Ruby no Pão de Açúcar (sim, naquela época já havia Pão de Açúcar por aquelas bandas), ele ficaria por, no mínimo, mais 44 dias. Só bebericando vinho do Porto, curtindo o sol na Ilha Comprida, mergulhando no Marujá com o saudoso Bento, comendo as famosas ostras locais e festejando no "Maráta". Sensacional! Já fizemos muito isso! Não é não, Fafau? O que recomendas para ouvirmos com este Porto?


Dica do Fafau – Harmonizando com música
por Rafael Cury (músico e redator publicitário)

Ora pois, Pueblo, não tenho sobrenome português, mas trago comigo um Penha que é espanhol. Então posso comemorar também, pois possuo raízes na Península Ibérica. Além disso, andei muito pelas bandas de Cananéia, o que me confere certa fidalguia! Imaginem a cena: todos em pé, o Infante Fafau está descendo da balsa.

Enfim, saudosismos à parte, vamos à música. Tenho certeza de que o som perfeito para o Comenda precisa ser de origem lusitana. Porém, levando em conta o frescor do vinho, as frutas, talvez um sotaque tupiniquim caia bem. Pensei, pensei e bingo!



Escolhi como trilha sonora o álbum A Música em Pessoa. Lançado pela primeira vez em 1985, data marcada pelos cinqüenta anos de morte de Fernando Pessoa, este é um exemplo de casamento perfeito entre a poesia portuguesa e a canção brasileira.

São 15 poemas, musicados por alguns dos principais compositores do nosso país: Antonio Carlos Jobim, Francis Hime, Edu Lobo, Milton Nascimento, Sueli Costa, Arrigo Barnabé, Dori Caymmi, entre outros. Só gente grande! Perfeito para um Porto, bebida também de gente grandíssima (é, meu amigo, se você não gosta ainda não é gente grande).

Então vamos lá, beber logo o Comenda! E se você acha que Fernando Pessoa, heterônimos, poesia, tudo isso é assunto de vestibular, lamento. Você acaba de tirar nota zero na matéria "As Melhores Coisas da Vida".

Estamos a bebeire, estamos a escutaire!

Brindisi DOC 2001

Nome comercial: Brindisi DOC
Produtor: Santa Barbara
Tipo: Tinto
Uvas: Negroamaro / Malvasia Nero
Ano: 2001
Região: Puglia (Itália)
Álcool: 12,5%
Preço: R$ 55,00 por R$ 50,00 (Enoteca Fasano – www.enotecafasano.com.br)

Depois de duas semanas indicando vinhos boludos, vamos agora para a Itália. E da melhor maneira possível: via Enoteca Fasano. Que lugar! A princípio o nome Fasano pode intimidar, mas a casa é totalmente acessível, o pessoal que atende é gente boa pra caramba e, como sempre fazem conosco, recomendam vinhos que cabem no orçamento.



O desta semana é um bom exemplo, pois além de uma maravilha, está em promoção. De R$ 55 passou para cinqüentinha, teto da coluna mas vale cada ml. Trata-se do nosso “fazêndico” Brindisi DOC 2001, um italianíssimo da Puglia ideal para aquele dia tipicamente paulistano (para quem não mora em São Paulo, leia-se estressante). Sabem como é, trânsito, buzina, chefe, poluição, vizinho, português da padaria, PCC, motoboy e por aí vai). O dia só não é pior do que o vivido pelo Michael Douglas em Um Dia de Fúria pois, em vez de sair pela cidade com um trabuco querendo explodir todo mundo, vocês têm a opção de voltar para casa (fiquem tranqüilos, a exemplo do filme, não era a mulher que estava com outro, mas a cunhada) e abrir esta belíssima botella. Acreditem, as coisas vão melhorar!



O vinho é totalmente campestre. No nariz percebe-se claramente um forte aroma de terra úmida, grama, pasto, curral, enfim, é natureza em estado bruto (praticamente uma fazenda embotellada). Tem até vaquinhas lá dentro. Pode parecer horrível essas coisas em uma taça mas não é. Na boca nosso Brindisi apresenta corpo médio, é redondíssimo, muito complexo, seco e com grande frescor. Ideal para ser consumido a 15 ºC, 16 ºC. E de preferência agora, já que é um vinho de guarda que está em sua plenitude.

Na escala “Vamos Bebendo!” que vai de... bem, ainda estamos criando, ele está no patamar “Amanheceu, peguei a viola, botei na sacola e fui viajar”. Ou seja, é o vinho que vai fazer vocês esquecerem que estão na cidade, esquecerem do estresse e levá-los para longe. Não é não, Fafau? Qual é a trilha do Brindisi? E você, Paulinho, o que faria para acompanhá-lo?

Grande abraço a todos!

Dica do Fafau – Harmonizando com música
por Rafael Cury (músico e redator publicitário)

Muito bem, Pueblo, ao pensar neste clima bucólico, com muito mato, cheiro de grama molhada, lembro-me de uma história (ou causo, como os matutos dizem). Diz que dois caipiras estavam de cócoras mascando fumo na beira da estrada. Silêncio total. De repente passa um carro (nesta estradinha passa um automóvel de 15 em 15 dias). Depois de meia hora do ocorrido, um cabôcro fala pro outro: acho que era Chevrolet. Passada uma hora, o cabra responde: acho que era Wolks. Depois de umas três horas, o primeiro se levanta e retruca: acho que vou embora que já vi que vai ter discussão.

Voltando ao vinho, para harmonizar com esta botellinha, nada melhor do que música regional. E a dica é o CD No Sertão, do violeiro Roberto Corrêa. Trata-se de um álbum que traz clássicos da música caipira como Luar do Sertão, Maringá, entre outros.



Mas peraí, o Brindisi não é só o aroma do campo. Ele tem médio corpo, complexidade e pede sofisiticação. Música sertaneja (a de verdade) não é requintada? Ledo engano, meus amigos. Porque Roberto Corrêa é um instrumentista de primeira, de bom gosto e, neste trabalho, foi acompanhado por um quinteto de cordas e-p-e-t-a-c-u-l-a-r. Ou seja, unimos as raízes do campo com muito requinte, como este vinho.

Vamos brindar o interior, meu amigo! Agora, se você acha que música sernateja é Zezé di Camargo, Bruno e Marrone e cia, VAI TOMÁ...

Vinho Chapinha! Enoabraços musicais a todos.

Dica do Chef – Harmonizando com a comida
por Paulinho Martins (chef do Txai Resort, Itacaré – BA)

Tem razão!!! Sertanejo clássico é um tesão e o ruim é realmente horrível. Não dá prar beber, quer dizer, ouvir. Bela escolha, Pablito. A Puglia está fazendo vinhos sensacionais e este Brindisi é um deles. Com uma tipicidade da região bem escancarada e com cara de terra molhada, o vinho tem uma elegância e uma pegada de uma mulher caipira BOUUUUUA na faixa dos 30 anos. Cheiro de mato, muito gostoso e ainda com uma aparência jovem, apesar de não ser mais menino, já que se trata de um 2001.

Para comer não posso sair do contexto, mas também não vou indicar bobeira. Adoraria sugerir uma galinha caipira à moda mineira, mas a pimenta de cheiro iria degolar o vinho. Acho que um lombo de porco assado no forno à lenha do Sítio dos Badadas servido com brócolis e batatas seria uma bela parceria. Eu faria uma redução de vinho tinto para acompanhar o prato. Daria uma elegância que, com certeza, cairia bem com o vinho e com as notas de Roberto Corrêa.


Enfim, uma bela tarde de comida, bebida e muita música sertaneja. A outra opção seria Chapinha com Bruno & Marrone e lasanha Maggi. DEUS É MAIS !!!!!!! SAI COISA RUIM.

Abraço e vamos bebendo, comendo e ouvindo cada dia coisa melhor.

Trivento Reserve Cabernet/Malbec 2004

Nome comercial: Trivento Reserve
Produtor: Trivento
Tipo: Tinto
Uvas: Cabernet / Malbec (50% de cada)
Ano: 2004
Região: Mendonza (Argentina)
Álcool: 13,5%
Preço: R$ 26,00 (Carrefour – www.carrefour.com.br)

Nesta semana vamos novamente de vinho boludo, outro argentino de Mendonza. Só que desta vez é um tinto, um belo corte de Cabernet com Malbec. Estou falando do nosso glorioso Trivento Reserve, que passou um período em barricas de carvalho francês e deixa isso bem claro quando levado ao nariz e à boca. Parece até que tem uma árvore lá dentro. É verdade! Para o enólogo que o fez, só resta escrever um livro e fazer um filho, pois a árvore não só já plantou como a engarrafou (e numa bela botella, diga-se de passagem).



O vinho, num primeiro momento, dá a impressão de que será bastante agressivo e exageradamente tânico, mas nossa uva Malbec dá uma bela amansada na Cabernet e o resultado é um vinho potente no nariz, macio na boca, com taninos suaves e agradabilíssimos que, certamente, foram muito bem tratados durante o estágio de 8 meses no carvalho. Na boca os sabores predominantes são de pimenta no início e chocolate do meio para o final. Aliás, uma bela barrinha de chocolate. Não chega a ser um Wonka premiado com um ticket para visitar a fantástica fábrica do sr. Willy Wonka, mas é de respeito.



Eu diria que é um vinho para aquele domingo nublado (e com garoa para quem estiver em São Paulo), ideal para espantar a deprê que ronda dias assim. Sabem como é, uma botellinha deste argentino, aquela esticadela na sala e a presença de alguns amigos para assistirem ao jogo na TV, ou, claro, a companhia da gata. No caso dos amigos, é bom que evita o consumo em escala industrial de vevejas em pleno domingão. Com a gata, tratando-se de um domingo chuvoso, já sabem... Ainda mais ouvindo um (bem, isso é com o Fafau).

Abraços a todos e vamos bebendo!

Dica do Fafau – Harmonizando com música
por Rafael Cury (músico e redator publicitário)

Vamos lá, Pueblo. Madeira combina com instrumentos acústicos. Argentina, com tango. Que tal juntar tudo isso, num único álbum que é memorável? Aqui vai: Soul of The Tango: The Music of Astor Piazzolla, do violoncelista Yo Yo Ma. Aliás, o ritmo que nós brasileiros mais gostamos é o tango, sabiam? Porque nele, tem sempre um argentino sofrendo.



Voltando ao CD, o que se pode dizer de Yo Yo Ma? Um dos mais populares e talentosos instrumentistas da música erudita, com amplo reconhecimento internacional, homenageia nesta obra-prima o maior compositor de nuestros hermanos, Astor Piazzolla. Coloque o disquinho no seu CD player e, na primeira faixa, ouça a força de “Libertango” (que harmoniza perfeitamente com o aroma potente do Trivento). Depois disso, note a sutiliza e doçura com as quais Yo Yo Ma interpreta as suítes de Piazzolla. Ótimo! O violoncelo funcionou como a Malbec do vinho, suavizando cada nota proferida.

Concluindo, este vinho e este disco são a prova real de que existem boludos com muito bom gosto. São pessoas que não têm nada a ver com o senhor Carlitos Tevez, que ouve Cúmbia, deixa o glorioso Alvi-Negro e vai jogar no West Ham, timeco de segunda divisão da porcaria do Campeonato Inglês (desculpem, eu precisava desabafar).

Wednesday, October 25, 2006

Altosur Sauvignon Blanc 2006

Nome comercial: Altosur 2006
Produtor: Finca Sophenia
Tipo: Branco
Uva: Sauvignon Blanc
Ano: 2006
Região: Tupungato - Mendonza (Argentina)
Álcool: 12,5%
Preço: R$ 32,00 (Expand – www.expandgroup.com.br)

Para comemorar o inverno que não teve, a primavera que não chegou e este calor insuportável que não deve ir tão cedo, optamos por um vinho branco, extremamente jovem, bastante cítrico e altamente refrescante (se gelado na temperatura correta, claro, algo em torno de 10 ºC, aproximadamente).



O escolhido é o Altosur, produzido aos pés da Cordilheira dos Andes pela Finca Sophenia, no Vale do Tupungato, em Mendonza. Feito com a uva Sauvignon Blanc, ele tem um aroma concentrado de abacaxi que é uma explosão. Imaginem que alguém pegue um abacaxi geladinho, recém-saído do abacaxizeiro, e jogue no seu nariz. É ele! Fantástico! E na boca é a mesma sensação. El Señor Altosur 2006 possui uma acidez maravilhosa que proporciona uma salivação muito agradável (é praticamente uma cachoeira cítrica). Na seqüência surgem novos aromas de frutas, talvez maracujá, pêssego... nada tão explosivo mas bastante perfumado. E com o tempo o vinho suaviza na boca, fica mais adocicado no nariz e permanece por um bom tempo, já que o final é bem prolongado.

Na escala da coluna “Vamos Bebendo!” que vai de... bem, sei lá, estamos inventando agora, este Sauvignon se encaixa no patamar “Pé na Areia”. Ou seja, é aquele vinho ensolarado, praiano, que deve ser consumido bem geladinho, com pouca roupa, cheio de mulher em volta, mas de preferência com a especial do lado. O que pede pra ouvir? Não sei! Isso é com o Fafau. E pra comer? Também não sei, é com o Paulinho. De resto, pelo preço (32 pilas), é pra comprar uma caixinha com 6 botellas e rumar para o litoral. Afinal, frio agora, só em filme de Papai Noel. Grande abraço a todos!

Dica do Fafau – Harmonizando com música
por Rafael Cury (músico e redator publicitário)

Caros amigos, se algum de vocês acha que vinho branco é coisa de menina, tome um goleta deste boludo para conferir que quem tem bolas também pode aderir a este tipo de bebida. O aroma é potente, o sabor é potente, tudo com uma acidez deliciosa que fica na boca. E falando em acidez, que tal combinar esta botellinha com o mais ácido dos nossos compositores, Caetano Veloso? A língua afiada do baiano combina direitinho com o Altosur. Você pode até caetanear dando um pití se o vinho não estiver na temperatura certa!



E o álbum escolhido é Estrangeiro. Lançado em 1989, o disco tem um pouco de tropicalismo, com arranjos arrojados e letras agressivas (pura caetanice). Porém, numa segunda audição, percebemos toques suaves, poéticos, sempre presentes nas canções de Caê – ouça "Branquinha" e "Genipapo Absoluto" para conferir. Tem até a faixa "Meia Lua Inteira", tema da novela Tieta, para você soltar sua baianidade nagô. O Osnar (aquele que não saía do bar do Charlita) só tomava Altosur.

Preciso explicar mais? Potência e suavidade (como no vinho). Complexidade e doçura (como no vinho). Perfeito para um dia na praia (como o vinho).



Minha sugestão é: praia, livro do Jorge Amado, disco do Caetano, Altosur e muita, mas muita preguiça! Então, meu rei, aproveite esta dica para acabar com o seu preconceito com os vinhos brancos. E também para deixar de falar "eu não gosto do Caetano porque ele sai na revista Caras", "eu não gosto do Caetano porque ele é gay", "o Caetano se acha". Afinal, a grandiosidade da sua obra deixa em segundo plano qualquer temperamento controverso de Velô.

Abraço pra Dona Canô!

Dica do Chef – Harmonizando com a comida
por Paulinho Martins (chef do Txai Resort, Itacaré – BA)

Boa rapaziada!!!!

Essa semana está boa mesmo! Caetano e Sauvignon Blanc juntos é demais.

Melhor que ostra e Chablis ou cordeiro e Cabernet Sauvignon. Realmente a sutileza e a elegância deste vinho de Mendoza se harmonizam como uma luva com o som do meu conterrâneo (sim, já virei baiano!!!).

Este é um vinho leve e muito refrescante, com certeza deve ser bebido gelado, não congelando, mas bem frio mesmo.

Minha sugestão é um ceviche de peixe à moda baiana que eu faço aqui no Txai. Fatias de peixe fresco cru temperadas com limão, água de coco, coco fresco e pimenta-dedo-de-moça. Tenho certeza! A suavidade do peixe temperado na água de coco, junto com a acidez do limão e a força da pimenta vai casar direitinho com a força cítrica e a refrescância deste Altosur e a elegância baiana do nosso amigo Caetano.



Pra terminar, gostaria de deixar bem claro que o Caetano não é viado, uma vez que ser viado dá muito trabalho e aqui na Bahia nós não gostamos muito disso.

Abraço pra vocês, Caetano, dona Canô, Ogum, Iemanjá, Ivete e para qualquer outro baiano porreta!!!

Esqueci!!!!!!!!! E vamos bebendo!!!

Rosé D´anjou 2004

Nome comercial: Rosé D´anjou
Produtor: Rémy Pannier
Tipo: Rosé
Uvas: Cabernet Franc
Ano: 2004
Região: Vale do Loire (França)
Álcool: 10,5%
Preço: R$ 44,00 (Advanced House – Av. Cidade Jardim, 1085 Loja A – 3078 9114)

O vinho desta semana é indicado para quem está apaixonado (ou mal intencionado). De cara adianto: se o senhor, meu amigo, quer conquistar a gata, abra este vinho. E você, minha amiga, caso alguém o abra pra ti: corra! A probabilidade de ainda estarem com roupa ao término da botella é a mesma de o Corinthians ganhar o atual Campeonato Brasileiro (mesmo com o Amoroso).



Comprei o Rosé D´anjou naquela loja que indiquei semana retrasada, a Advanced House, que agora incrementou o cardápio e está servindo alguns petiscos sensacionais. Na última vez que fui sapequei um presunto de parma que falou umas sete línguas, sendo quatro que falam (desculpem, gíria de pescador). Mas vamos lá!

IMPORTANTE: geladeira! Antes de abri-lo, deixe-o por cerca de 20 minutinhos na geladeira. Depois, enquanto estiver tomando, descanse-o em uma caçambinha ou balde com gelo. Além de mantê-lo na temperatura ideal, impressiona a gata.

Este concentrado de testosterona com progesterona é um rosé feito 100% com a Cabernet Franc, uva originária de Bordeaux muito usada em cortes (mistura), mas que tem recebido maior atenção dos produtores e se tornado estrela solo de vários vinhos. Como neste caso, em que ela está fantástica! Com cor mais para o salmão acerejado (gay, não?), o vinho traz um aroma muito bom de frutas cítricas (abacaxi), manga e algo de terra. É praticamente um casal de namorico debaixo de uma mangueira. O vinho é equilibrado, refrescante, sério e bastante elegante. Sem contar que desce macio na garganta, como um cetim (não que eu já tenha ingerido um, é apenas uma associação).

Em resumo: é uma arma. Uma armadilha por um preço honestíssimo, pois é raro encontrar vinhos franceses de qualidade nesta faixa. Na próxima vez que eu for pedir açúcar emprestado para a minha vizinha da frente, a Cicarelli, vou oferecer uma tacinha do Rosé D´anjou. Quem sabe...

Não é não, Fafau? O que o senhor me diz deste canhãozinho sexual e com qual som harmoniza? E você, Paulinho, cozinharia o que para servi-lo pra gata? Grande abraço a todos!

Dica do Fafau – Harmonizando com música
por Rafael Cury (músico e redator publicitário)

Grande Pueblo, o que dizer sobre este vinho? Praticamente um assédio sexual engarrafado! Mas não uma cantada qualquer. Trata-se de um sussurro ao pé do ouvido, daqueles que fazem las chicas derreterem. Para acompanhar toda esta suavidade, nada melhor do que o sax tenor de Stan Getz. Considerado um dos principais intérpretes do chamado cool jazz, o saxofonista é verdadeiramente um revolucionário. Além disso, teve uma relação sólida com a bossa nova, gravando várias canções do estilo, inclusive com João Gilberto.



O álbum escolhido do artista é Getz for Lovers, uma coletânea feita sob medida para acompanhar esta botellinha francesa (e para uma bela noite a dois). Notas longas, suaves e com timbre único que combinam perfeitamente com toda a delicadeza do Rosé D´anjou. A elegância, também presente no vinho, fica por conta do repertório de Mr. Getz: standards do jazz, canções inesquecíveis de Jobim, entre outras preciosidades.

Meu amigo, só uma dica: se na terceira taça do vinho, na metade do CD, a mulher não estiver caída em seus braços, desista! Mande ela embora, chame 3 comparsas, uma pizza, 30 cervejas e coloque no VT da final do Brasileirão de 1990 (já que você perdeu a moça, pelo menos vê o Corinthians ser campeão).

Dica do Chef – Harmonizando com a comida
por Paulinho Martins (chef do Txai Resort, Itacaré – BA)

Imagine este vinho aqui no Txai?! Bangalô de frente para o mar, Mata Atlântica e outras "cossitas mas". É praticamente uma mistura de ostra com sururu aromatizado de gengibre e amendoim! Em resumo: um viagra rosa!!!!



O Vale do Loire é conhecido pelos melhores Sauvignon Blanc do mundo. Os Sancerres são os meus preferidos. O terroir é perfeito para a Cabernet Franc e faz tanto tintos quanto rosés. Este Rose D´anjou é um velho conhecido meu (cada porre!!!).

Com notas de frutas e uma ótima acidez, esta garrafa é perfeita para tomar com a sua gata no final da tarde na beira da piscina. Se para ouvir o ideal é a suavidade de tio Getz, para comer não poderia ser diferente. Eu faria um canapé de salmão com espuma de gengibre. A untosidade do salmão se harmonizaria perfeitamente com a acidez, e o leve picante do gengibre ficaria por conta das notas refrescantes. Tudo isso e mais uma bela mulher casam perfeitamente com o cool jazz do nosso amigo Stan.



Porém, o Fafau se enganou em uma harmonização. Com título do Corinthians o que combina é o lote 43 da Miolo. Os dois têm pouco e nunca foram pra fora. Quando viajam vão no máximo até a Argentina e nunca conseguem boa impressão.

Bem, estou de volta e vamos bebendo (agora ouvindo uma sonzeira também)!